Imagine você sentado em um
banco de espera, aguardando a sua vez para uma consulta médica. Todos os
ocupantes se encontram devidamente acomodados, alguns lendo um livro, outros
acompanhando as notícias pela TV, e você recostado, relaxando, ouvindo música.
Eis que surge, do nada, o Sr. Siso. Ele observa e consegue, talvez por pura burrice, acreditar que ainda cabe mais um neste banco. Daí começa a saga. Ele força,
força, e todos vocês se dão conta de que impedir não funcionará, que o melhor a
se fazer é abrir caminho. Aperta para lá, pra cá, com o objetivo de manter
todos acomodados. Melhor, apenas sentados, ou quase, pois conforto, agora, o
banco não mais oferece. O que se observa é alguns
ocupantes que, de tão pressionados, mal conseguem se recostar, pendurados bem na beirada do assento, enquanto outros nem ao menos sentem a almofada, estão praticamente amontoados, quase um em cima do outro. Que sufoco, hein!?
ocupantes que, de tão pressionados, mal conseguem se recostar, pendurados bem na beirada do assento, enquanto outros nem ao menos sentem a almofada, estão praticamente amontoados, quase um em cima do outro. Que sufoco, hein!?
O dente do Siso é o terceiro
dente molar, se encontra na parte posterior da boca, lá no fundo, e também tem
a função de triturar os alimentos. É o último dente permanente a nascer, entre
os 16 e 20 anos de idade. Por isso o nome Siso = sinônimo de caráter, senso,
juízo – propriedades constituídas nesse momento da vida. Em muitos casos,
encontra-se de dois a quatro deles, entretanto pode vir sozinho, em um único
canto da boca, ou nunca aparecer.
À procura de espaço, o Siso
pode promover o deslocamento dos dentes vizinhos. Ele praticamente “empurra” a
“vizinhança” em busca de espaço. Ocorre um “efeito dominó”, onde um dente força
o outro, a fim de acomodar-se, resultando em um desalinhamento global.
Assista ao vídeo
Parece óbvio que o dente do Siso não deveria nascer, já que o espaço é sempre insuficiente. Então por que ele insiste nessa aparição?
O Siso é herança de nossos
antepassados pré-históricos, que necessitavam de maior arcada dentária, pois
consumiam alimentos cruz, ainda rígidos por causa das fibras, demandando alta
capacidade de mastigação. Quanto mais dentes, melhor! Com o passar do tempo,
ferramentas foram desenvolvidas, modificando a forma de alimentar-se, cortando
e triturando a carne antes do consumo. Hoje, nossa comida é bem mais macia e
pastosa, devido aos processos de preparo, como o cozimento. Mas isso não quer
dizer que os dentes não sejam mais necessários, entretanto o Siso talvez não precise
ser mais requisitado, pois temos molares suficientes para moer o que resta de
consistente nos alimentos. A verdade é que todos os dentes vêm perdendo suas características
primordiais. O canino de alguns indivíduos, por exemplo, perdeu sua ponta
afilada utilizada para dilacerar, rasgar a carne antes de ingeri-la. Até a
mandíbula e a maxila tornaram-se menores. O Siso é o primeiro dente a sucumbir
ao desaparecimento, tornando-se um órgão vestigial dos “homens das cavernas”.
Mas então por que esse processo evolutivo ainda não o extinguiu de vez?
Anos atrás, a perda de boa
parte dos dentes era comum em pessoas menores de 20 anos. A falta de higiene
dental cooperou para que isso ocorresse com freqüência. Sendo assim, com muito
espaço na boca, o dente do Siso ainda persistia em desenvolver-se, e com muito
mais facilidade, sem causar os incômodos que hoje observamos. Pessoas que não
apresentam esse dente ou, que pelo menos, em menor quantidade, provavelmente
herdaram a genética de seus familiares que mantiveram maior parte de sua
dentição por muito mais tempo, tornando dificultosa a ocorrência do dente do
Siso.
O fato do Siso não aparecer
não quer dizer que ele não exista. Depois de algumas tentativas de migração, por
não haver espaço na boca, ele pode ficar retido no osso. Algum obstáculo
promovido por um dente vizinho, a permanência de dentes temporários, a
resistência do tecido ósseo ou da mucosa muito densa, também podem cooperar
para que ele não seja visível. Sendo assim, uma consulta ao dentista é a melhor
forma de certificar-se da inexistência desse dente. Algumas vezes, o Siso se
encontra numa posição errada no osso, que desfavorece o seu aparecimento, mas
que pode comprometer os demais dentes e acarretar em consequências
desagradáveis.
Os problemas que o dente do Siso pode ocasionar,
mesmo quando não está visível, são muitos. Dores podem refletir por toda a
face, e não somente na mandíbula e maxila. O desalinhamento dos dentes é comum
de acontecer, assim como cáries devido ao difícil acesso para limpeza. Por isso,
corriqueiramente, a sua extração é recomendada para sanar os problemas. Pois,
mesmo a mastigação, apesar de todo o processo evolutivo que tornou a
alimentação mais fácil, ainda é considerada uma ação importante para a
fisiologia humana, portanto não pode ser comprometida.
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